Grimoire - O Livro das Sombras




Noite Escura da Alma
Chega um determinado momento em nossas vidas em que precisamos abandonar toda a bagagem que trazemos e atravessar o deserto para promover o renascimento em um novo ciclo de vida.
Nada como um dia após o outro, e uma noite entre eles. A noite escura da alma pode ser comparada a dilacerante transformação da lagarta em borboleta.
A noite escura da alma não chega quando a estamos esperando ou pronta para ela, ela nos surpreende quando a menos esperamos. Justamente quando nos sentimos sós e desamparados. Semelhante à parábola das 10 virgens que precisam estar preparadas, reservando o óleo em suas candeias, porque não sabem a hora e nem o dia em que o noivo chegará. E eis que ele chega ao meio da noite, nos assaltando como um ladrão. E àquelas virgens que não reservaram óleo em suas candeias, não estarão preparadas para acompanhar ao seu noivo.
 Tudo começa como num dia comum, igual a todos os outros, mas ao longo desse período, algo acontece que desencadeia uma série de episódios que nos faz sentir navegando numa nau sem leme.
O que torna tão difícil essa transição, não é nem tanto a nossa disposição em mudar, afinal, quer queira quer não, a despeito de nossa vontade a mudança é inevitável.
Este é um período de grande obscuridade e enorme turbulência, porque nos vemos privados de nossa vaidade, de nosso orgulho e, sobretudo, de nossa autoconfiança. A dificuldade maior consiste no fato de que deixamos de receber a energia do mundo que estamos abandonando, mas ainda não estabelecemos um fluxo de energia necessário para utilizarmos no próximo estágio de vida.
É essa aridez descrita como a “travessia do deserto” que torna este momento tão cansativo e deprimente. É preciso muita força de vontade para poder superar os desequilíbrios emocional, racional e intuitivo. Sentimo-nos sozinhos e abandonados, com a sensação de que fomos esquecidos por Deus. Só podemos contar com a nossa própria força para arcar com as responsabilidades de nossas ações e reagir para superar esta crise.
O Renascimento é um estágio alquímico que acontece em nossas vidas, sempre quando estamos prestes a nos vermos livres de nossas pequenas (ou grandes) fraquezas, para nos tornarmos seres melhores do que somos. Percebemos que o que nos acontece não é do nosso agrado, mas é o que nos é necessário passar para o reajuste do nosso Eu mental e emocional. É um momento de transformação doloroso, porém altamente enriquecedor.
A noite escura da alma não tem hora nem para começar, nem para terminar. O que precisamos ter consciência é de que este é apenas um período, e não a eternidade e que depois desta noite, virá um período de Renascimento, onde renasceremos para uma Luz Maior, que é justamente aquilo que precisamos e buscamos incessantemente.
Uma forma de equilibrarmos essa defasagem é nos empenhando em fazer coisas que não combine nada conosco: iniciando uma nova atividade física, lendo ou nos informando sobre uma nova área de interesse, viajando para um lugar desconhecido ou adotando um novo passatempo.
Neste período de Renascimento transformador, devemos manter a nossa candeia da esperança sempre acesa, para iluminar a nossa travessia da noite escura no deserto de nossas almas, nos lembrando de que “A hora mais escura da noite é aquela que antecede o nascer do Sol”.
03.03.2011
Fontes: Alquimista – Ana Maria Simões; Contratos Sagrados – Caroline Myss.